domingo, 2 de fevereiro de 2020


Minha mãe...


É tão confuso pra mim...
Meu maior inimigo.. minha maior aliada
Te odiei tanto, por tanto tempo
Hoje te amo com toda força.. mas também, com tanta dor
Nada se encaixa.. além do seu abraço
Palavras frias.. coração cansado..
Me destruístes.. tentando me amar
Proteção demais.. e nenhum norte
Meu caminho é escuro e solitário..
Não há mais nada, além do abraço
E mesmo este.. as vezes me parece vazio
Vazio como a minha alma nesse instante
Olho em torno, procurando...
Uma mão amiga, um guia.. um norte
E nada
Não há mais nada nem ninguém ao meu redor..
Quando fiz 18 anos, você disse “tenho a sensação de ter acertado”.
Em que? 24 anos depois, eu ainda não sei...
Sinto em meu peito, que nada foi certo. Que nada foi útil..
Pra nenhuma de nós
Que vivemos uma vida miserável a toa.
A gente nunca vai conseguir.. Porque você parou de tentar com o tempo e eu..
Fiz tudo que podia .. sem resultados..
A dor que você me causa nunca vai passar.. não importa quantas vezes eu te perdoe..
Não importa quantas vezes você me perdoe.
Estou órfã nesse mundo maldito
Órfã de pai, de mãe, amigos.. de uma vida
Talvez órfã de mim mesma também
Por que mãe? Pq você me trouxe de volta?
Pra me punir ou pra se punir?
Porque nossas vidas não passam disso afinal..
Nenhum sentido.. nenhum resultado..
Ambas perdemos, o tempo todo
E perdemos nossa vida tentando nos encontrar uma na vida da outra
Você devia ter aberto mão de mim quando teve chance
Porque fazer isso agora é simplesmente muito cruel
Você me deu a vida e por tanto ..
Lhe imploro que a tire de volta pra que talvez assim eu possa renascer.. ter outra chance
Eu não quero morrer de novo..
Mas também não quero essa vida que não me pertence..
Onde sou apenas coadjuvante da sua sobrevivência
Porque você não vive
E eu também não
Não quero mais seguir apenas existindo..
Mas também não tenho mais forças. Não consigo mais ver a luz..
As vezes penso que ela talvez nem exista..


M.