Muitas pessoas se manifestaram sobre a dor de perder
um filho. É sem sombra de dúvida a maior e pior dor que corpo e mente podem
suportar.
A alma sangra em enxurrada, o peito parece ser
dilacerado por mil navalhas em brasa a cortar a carne lentamente, como se algo
ou alguém quisesse saborear o momento em câmera lenta. As entranhas se
contorcem, o ar fica denso e você não consegue mais respirar... Vontade de
gritar pra sempre, pra ver se alcança o menino e o trás de volta pra junto de
si... Mas nessa hora você engole o grito, a dor, se segura pra não cair de si
mesma e faz o que uma boa mãe tem que fazer. Aguenta firme, enquanto sente as
partes do seu corpo sendo arrancadas sem anestesia.
Foi assim que eu me senti quando meu filho deixou seu
corpinho e voou pra sua nova morada. Eu sabia que tinha que deixá-lo ir e chorei
baixinho, por um longo tempo, pra que ele não se prendesse ao meu sofrimento. O
momento era dele, só dele e eu não poderia fazer nada que lhe tirasse a paz.
Mas acredito que seja diferente pra cada mãe,
dependendo da forma como ocorre e principalmente de como a pessoa lida com a
perda e com suas crenças pessoais.
Saber que a morte é apenas um intervalo, longo e
doloroso, mas ainda assim, somente isso, ajuda muito a lidar com a necessidade
de ter que se separar do maior amor de sua vida.
A vida na terra pode ser muito cruel, mas tento encará-la
como férias prolongadas que um dia terão um fim. O reencontro é certo e será
ainda mais doce do que todos os dias e alegrias que meu filho me proporcionou.
Faruk foi e sempre será minha melhor metade, minha
alma gêmea. Estaremos sempre juntos, independente da forma que nossos corpos
tomem.
Um ser de muita luz, de muito amor e pureza plena.
Moldado à imagem da perfeição.
E eu, a mais abençoada das criaturas, por ter tido a
honra de recebê-lo e criá-lo, mesmo não tendo nascido de mim e sendo de outra
espécie.
Ainda são poucos os seres humanos que conseguem
perceber outras espécies como seus irmãos e iguais. Assim como tantos outros
preconceitos que giram em torno de nossas vidas constantemente, esse é só mais
um. E como todo preconceito, nasce e se fortalece, a partir de algo diferente e
desconhecido. Mas em nome de todos às vezes em que fomos discriminados por
sermos aparentemente diferentes é que digo, gostaria de poder doar aos meus
irmãos humanos, as bênçãos que recebi...
Acreditem, perante o cosmos, somos apenas um.
M.
Muito lindo Maya! Fico sem palavras.
ResponderExcluirObrigada Wagner, fico feliz que tenha gostado! ;)
ExcluirParabéns filha!
ResponderExcluirUm belo recomeço, para quem andava afastada das letras.
Já estava com saudades de ler esses lindos textos!
Bjo,
Sua mãe.