terça-feira, 25 de junho de 2024

Propósito

 Santa Catarina, 25/06/2024


Propósito

Que propósito?

Sabes dizer?

O meu... o nosso...

O coração que clama por Ele mas não O reconhece.

A vontade de existir por algo além das vontades e sonhos.

Servir? Mas a quem? A Deus, aos homens... As causas dantes objetivas... agora, nada parece real.

Vazio existencial. Ah o propósito, qual seria ele então?

Tudo me cerca de vazio, não apenas meu vazio...

O vazio humano, das festas e aparências, o dinheiro insano, Matriz da minha alma!

Ilusão, ilusões... fracassos, tentativas em vão...

Como saber então, se nada mais faz sentido? E será que fez um dia?

Como viver, e fazer sentido de uma vida que tanto poderia ter alcançado?

O suor árduo do trabalho nunca realizado, sobreposto agora pelo cansaço da idade, pelos tempos perdidos em devaneios juvenis.

A boca que não queria se calar, agora se fecha e enche de teias, pois as palavras que as habitavam outrora, hoje, servem apenas a discórdia de Babel.

Eu não sei onde estou, nem se ainda chegarei aonde deveria ir...

Sei apenas que a luz das estrelas do norte, pararam de brilhar a muito tempo e a carne, se acostumou a apenas esperar milagres desfeitos pelo tempo.

Dentro de mim, a esperança teima, dizendo não a vontade de desistir totalmente, de tudo. Cansada de procurar respostas que nunca chegaram e talvez... nunca chegarão.

Porém o sangue continua pulsando, há uma vida aqui dentro que não quer cessar, por simples amor a mim mesma e a aquilo que prezo.

A escravidão da matéria, suja minha alma desse lodo humano que invade minhas narinas, invade meu querer... violenta meu espírito impondo seu corpo súcubo, imundo, mais uma vez sobre meu direito de respirar. Direito de ser e não apenas de estar!

São tempos apocalípticos para a Mãe Terra e seus filhos ingratos.

Tempos de separação, o joio e o trigo que não mais podem habitar a mesma esfera.

Porém, o apocalipse interno me impede de estar entre os meus,

De ver com clareza por entre as brumas do meu desespero.

A mente que teima em gritar as palavras e perguntas que a boca não obteve resposta.

As dores do meu castigo, castigo da encarnação...

Se fiz por onde merecer tal retrocesso,

Não sei como merecer a salvação.

 

M. Rubinger

 

 

 

 

 

 

 

 

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