sábado, 24 de setembro de 2016

Adolescer (06/10/1992)


Dizem que os outros também se sentem assim
Mas não creio
Pois sei que sou eu
A forma mais única de vida existente entre os meus
Sinto-me estranha
A cada dia mais forte
E ao mesmo tempo mais leve
Meu coração teima em pulsar acelerado
Como se quisesse adquirir seu próprio consciente
Dizer-me algo que eu, em meu subconsciente
Tento esquecer por medo de a surpresa ser grande demais
E meu sangue, a cada dia que se vai
Parece correr com maior intensidade
E sinto que queima dentro de mim
A ponto de sentir minha face corada
Meu corpo em constante mudança
Mudança que me assusta
Pois temo deixar, mesmo que por um segundo
De ser quem sou
Só espero continuar sempre assim
Com esse meu jeito sensível
E totalmente decidido de pensar
Peço que o tempo me dê tranquilidade
Espero um dia conhece-la
Pois essa fervura da flor da idade
É que não me deixa parar
Nem sequer para respirar
E a cada instante, me sinto mais dona de mim
Minha essência não consegue se conter
Dentro desse corpo, que me parece tão pequeno
Comparado ao mundo lá fora
É esse desejo de expandir
A esperança de explorar
O inesgotável universo da magia e dos sonhos
Inquietação essa que tem um nome
Um simples nome
Que com apenas doze letras
Consegue expressar todas as transformações que ocorrem dentro de mim
Adolescência
A forma mais completa de explicar o que sinto
Muito maior do que o mundo todo
E tenho até medo de lembrar que daqui pra frente
A tendência é crescer mais e mais
E será assim durante gerações e gerações
Os jovens correndo contra o tempo e contra o mundo
Tentando alcançar o extremo oposto e invadir o inexplorado
E então me calo
Pois minhas palavras são tantas
Que levaria uma vida e meia pra dizer o que sinto
E assim continuo
Descobrindo sempre mais sobre essa estranha mudança
Que assombra cada um de nós...





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