sábado, 24 de setembro de 2016

Complexo de Peter Pan (26/04/1996)



Enfim cheguei em casa
Tomei um banho quente
Caí na cama já quase inconsciente
Foi uma noite longa
Muitos sonhos, muita gente
Minha cabeça zunia
Eu me debatia...
Acordei me sentindo estranha
Olhei em torno de mim
Fui fazer o café
Já bem mais tarde
Depois de ler o jornal
Notei que algo estava errado
Mas o que?
Tudo a minha volta parecia diferente
Mas nada mudara, certamente
A janela?
Fui para a porta da frente
Olhei a rua
De súbito, percebi que a vida seguia
Para toda aquela gente
Pessoas trabalhando
Crianças estudando
Os bancos abriam as portas
Era dia de pagar as contas
Que contas?
Que gente?
Que dia tão diferente...
Nada havia mudado
O mundo e seu cotidiano
Era eu que deixara de ser a mesma
Fui apresentada de repente
Ao mundo de gente grande
À vida real
Achava que fosse mais fácil
Que o pior já tinha passado
Não, não quero crescer
Machuca demais
É isso que é ser adulto?
Voltei pro meu quarto
Chorei, pensei...
Mas continuo sem entender
Recusando-me de toda forma
A seguir, a crescer...

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