quinta-feira, 28 de abril de 2022

Fui largada a apodrecer sozinha nesta terra de humanos

Terra que nunca amei, ou pertenci...

E nunca pertencerei

“Amada mãe Terra”, como posso ser tua,

Se órfã sou, de pai e mãe

Aqueles que deveriam ter me ensinado a te amar,

Ó vida sofrida,

Ambos desistiram de ti, e de mim, sua única filha e tão querida,

Tão querida..., porém, insuficiente razão de existir

No esforço diário, me vejo esgotada

Mas a batalha é eterna, pois, meu direito foi negado

Direito de ir embora, desistir

Se fui eu quem fez a escolha de ter vindo parar aqui,

Como pode de mim ser tirado o consolo do arrependimento?

Deus, se és amor, compaixão

Afasta de mim este cálice então,

Pois minhas forças se foram, escoando ao vento

Nestes 44 anos de dor e sofrimento

Preciso parar,

Parar de tentar, de lutar,

De acreditar que um dia tudo muda

Pois não vai mudar!

Meus pais eram vazios por dentro,

Eu, sou vazia por fora... ao meu redor, nada se encontra, não há vida, não há nada

Apenas sobrevivência, e esta, é amarga

As lembranças, tingem meu corpo com suas marcas e traumas

Talvez nada tenha sobrado de são

Irreparável destruição!

Girando em círculos, meus dias se repetem

Neste constante enrolo,

Eu me prostro a ti Senhor,

Implorando as migalhas de tua imensa bondade

Implorando respostas inexistentes

Carente de amor, de intimidade

Morrendo a mingua, sem ter sequer, começado a viver...

 

M.Rubinger

 

 

 

6 comentários:

  1. Sua sensibilidade na escrita é incrível. Parabéns!!!!

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  2. Feliz por ter você escrevendo perfeitamente o que sente. Isto é muito incrível!

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  3. Me identifiquei com seu texto...
    Seus olhos não mentem, afinal..
    Meu fim de tarde foi excelente devido a eles. Parabéns pelo trabalho.

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    1. Oi Thiago, gratidão 🙏
      Fico muito feliz com suas palavras!

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