sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Dor maior (29/12/17)

Há um ano e meio atrás, nossos caminhos se cruzaram pela primeira vez.

Você, a meus olhos, um menino... E eu alquebrada, perdida...

Você sempre tão bom pra mim, presente nos momentos mais tenebrosos, nas alegrias, nos dias comuns...

Um sentimento, misto de amizade e gratidão.

Vi nossa relação se transformando, aos poucos, impossível não perceber.
Até que um dia, sem aviso, aquele sentir, até então puro, transmutou-se em algo que não poderíamos viver.

Um impulso, a carne falando mais alto. E de repente éramos um...
Um breve momento, por um instante apenas, livre de culpa. Somente prazer.

Dizem que tudo que é bom dura pouco, não é?

Mas eu não podia prever que aquele momento único, me deixaria com o coração em pedaços, sangrando, doendo uma dor terrível... a dor da perda, do amigo, do amor e nós dois sabemos que não foi só isso.

Você se foi levando um pedaço de mim, deixando um vazio por dentro... um coração estilhaçado, uma mente confusa e um corpo sedento.

Não foi justo, com nenhum de nós. Nem comigo, nem contigo e nem com ela...

Mas você me deixou, talvez pra sempre...

Largada no escuro do meu desespero, sonhando acordada com teu corpo, teus beijos, conselhos, cumplicidade, enquanto entorpeço meus sentidos numa tentativa inútil de te esquecer...

Ainda não sou capaz de ver a luz no fim do túnel. 

Você voltou pra casa, fingindo pra ela e pra si mesmo que nada aconteceu. E eu, meu amor?

Mas sei que vai sonhar conosco, sentir minha falta como sinto a tua... Amá-la, pensando em mim...

Eu sei que tenho que te deixar ir embora. Guardar teu segredo sozinha, mesmo que isso me consuma a vida. 

Eu nunca cometi um erro tão lindo! Mas timing é tudo, não é?

Minhas coxas vão guardar por um tempo a lembrança do amor que a gente fez.

Meu peito, apenas o gosto das lagrimas que derramei por ti.

M.Rubinger







quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Aqui e agora



27/09/17

Eu passei a maior parte da última década em um transe, meio dormente, meio in off. Os melhores anos da minha vida, meus 30’s ! Escorreram por entre meus dedos, como se eu não estivesse lá. E agora finalmente, as vésperas de fazer 40 anos, me sinto como se despertasse de um sono profundo, um coma que durou tempo demais. Me sinto viva, renascida e disposta a recuperar esse tempo perdido, só Deus sabe por que...

Mas como não poderia deixar de ser, enquanto eu dormi, as pessoas se foram... os amigos perdidos no vento, o mundo se transformou e com ele os relacionamentos.... Tento me recompor, fazer novas amizades e até consegui esse feito que parecia tão impossível a alguns meses atrás. Mas ainda assim, na maior parte do tempo, não tenho com quem dividir toda essa vida que vêm brotando dentro de mim. Sou como um vulcão em erupção, no silêncio e na escuridão do espaço infinito. 

Não estou pronta para ser uma mulher de 40. Me sinto muito jovem pra isso. Quero viver muito antes desse dia chegar, mas ele continua batendo em minha porta, sem cessar. 

Queria voltar no tempo, mas sei que não posso. Queria começar de novo, mas não sei como. Queria e quero tantas coisas, pessoas, experiências.... Será que ainda dá tempo? Será que existe esperança em um mundo onde todos somos invisíveis, onde as pessoas circulam com suas caras enfiadas em telas de celulares vazios, frios?

Eu estou aqui! Você consegue me ver?


M. Rubinger

sábado, 13 de maio de 2017

Dia das Mães

 Pouco mais de três anos se passaram desde o desencarne de meus dois filhos. Oito meses depois, fui abençoada com um lindo presente que me trouxe a paz que eu precisava tanto. Uma carta psicografada pela Asseama trazia lindas notícias de Cleo e Faruk. 


Apesar da saudade, que ainda machuca, a dor da perda seria substituída por uma profunda sensação de dever cumprido. Como me foi dito pela espiritualidade naquele momento, eu fui mãe e pronto. Entreguei minha alma e fui a melhor mãe que poderia ser. Ninguém pode me tirar isso.

Os seres de luz reconheceram meu trabalho mais valioso, talvez o mais importante que eu vá realizar nessa existência, porém, os humanos a meu redor, ainda não estão prontos para tanto.

E essa falta de reconhecimento é que dói tanto nessa data, muito mais do que a saudade, muito mais do que as lembranças dos piores momentos em que presenciei o sofrimento daqueles que mais amei. 

Dezenove anos sem nunca ter escutado um simples e merecido “Feliz dia das Mães, Maya”.

Todo ano eu sinto essa dor em forma de luto. Por que eu venci como mãe, mas as pessoas que deveriam ser importantes na minha vida, parecem só enxergar os momentos em que falhei.
Foi por isso, que resolvi compartilhar com o mundo, esse tesouro que venho guardando a sete chaves por tanto tempo. Quem sabe assim, eu me curo de vez dessa carência de gente... Quem sabe eu consiga ser enfim, o que sou na essência, diferente, menos gente e mais luz...

Eu sei que dificilmente alguém vai ter interesse em ler a carta e se lerem, as chances são grandes de não entenderem o seu significado e valor. Mas, farei isso por mim! E por todas as outras mães invisíveis desse planeta...

Gostaria de agradecer a minha própria mãe, Celeste Teixeira, pois apesar de também não compreender bem, ainda assim conseguiu enxergar o valor da minha obra. Te amo muito!


























sábado, 11 de março de 2017

Where I stand (15/06/2016)



I´m a 38 year old woman and I have Asperger´s. I´ve been diagnosed for only a feel months now. And so far it hasn´t been as cool as the others seem to find it.
I´m still in shock. I don´t know how to cope with this abysm that opened up from underneath my feet. I don´t know where to step on to stop myself from falling. The carpet has been pulled with no warning, accept my previous intuition that secretly knew what was coming.
The good part is that I don´t need to fake it anymore, who I am, how I am, what I am. But what good does that do to me? If now I understand what took my health and with it most of my hopes of ever living a “normal” life… Don´t get this wrong, by normal I don´t mean, hubby, kids and friends.. Far from that. All I want is peace and quiet, a day without physical pain all over my body, to be able to move without crashing down, not burning up from the inside…
If only I could leave my body behind and take a new one, a stronger one or at least, if I could have any hope of ever undoing everything I have become. First I thought medical treatment was supposed to fix that, that by narrowing down the anxiety, the insomnia, the OCD, and all the crap that I´ve summed up to be, the pain, the  muscle stiffness, the digestion issues, it would all be better, but it seems I daydreamed for nothing.
So, I´m sorry I can´t celebrate my condition. Forgive me if I can´t have this “Blue Pride” that everyone´s talking about, but so far, all I know is that I’ve been drifting for too long and there´s no sign of shore anywhere around.
Will life ever throw me a bone? Can you spare a lifeboat? Is there anyone out there even listening to me?                


M.

domingo, 5 de março de 2017

Saudades dos meus pequenos...



27/07/2014
Eu, Pablito ...

Eu era miudinho quando caí do ninho, mas por sorte você ia passando pelo caminho. Nem sabia voar, quase não tinha penas, bicudinho apenas... 

Mamãe me resgatou e me levou pra sua casa, num saquinho de pão de queijo. 

No começo eu não comia, não bebia e sentia frio, mas ela me esquentou, me deu comida e água no bico. 

Também tinha a vovó, que ajudou a cuidar de mim. Então apareceu o tio Pablo, outro anjo, que sabia tudo e as instruiu sobre o que fazer. 

Eu fui crescendo, enchendo de penas e ganhando peso, aprendi a me alimentar sozinho e já não tinha mais frio como antes. E

m menos de um mês, comecei a ensaiar uns voos na varanda e então, mamãe entendeu que era hora de eu partir. 
Deveria voltar para minha própria casa, e conhecer outras rolinhas. 

Em breve serei adulto e terei minha própria família e quem sabe eu volto pra ver aqueles anjos que me ensinaram a ser eu... Pablito, a rolinha.


sábado, 25 de fevereiro de 2017

O amor e eu




Retiro o que disse, te quero de volta
Preciso sentir que estou viva...
Pergunto ao Cosmos, por onde andas
Se me deixaste pra sempre ou se voltarás um dia
Pra me arrebatar dessa solidão tão longa, tão doída
Fazer meu corpo vibrar, voltar à vida...
Fomos bons companheiros durante algum tempo
Mas então me deixastes por tantos anos a fio
Preciso que voltes a habitar em mim
Me faças pulsar, desejar enfim
Alguém que me aceite do jeito que sou
Que me ame como já fui amada
E faça cessar esse vazio imenso
Me fazendo querer,
O beijo no qual há tantos anos não penso
Ser parte de alguém e esse alguém de mim...
Volta pra casa, paixão ardente
Me trás de volta aquela alegria,
O amar, o querer, a expectativa
O frio no estômago que antecede o encontro
Ainda temo, não vou mentir
Mas agora já me arisco a sentir
E espero ansiosa por tal dia,
Em que a vida acredite que estou disposta
E me faça enxergar esse alguém, sem demora
Por que os anos não param e estou cansada
Quero apenas amar novamente...


M.