sábado, 24 de setembro de 2016

Complexo de Peter Pan (26/04/1996)



Enfim cheguei em casa
Tomei um banho quente
Caí na cama já quase inconsciente
Foi uma noite longa
Muitos sonhos, muita gente
Minha cabeça zunia
Eu me debatia...
Acordei me sentindo estranha
Olhei em torno de mim
Fui fazer o café
Já bem mais tarde
Depois de ler o jornal
Notei que algo estava errado
Mas o que?
Tudo a minha volta parecia diferente
Mas nada mudara, certamente
A janela?
Fui para a porta da frente
Olhei a rua
De súbito, percebi que a vida seguia
Para toda aquela gente
Pessoas trabalhando
Crianças estudando
Os bancos abriam as portas
Era dia de pagar as contas
Que contas?
Que gente?
Que dia tão diferente...
Nada havia mudado
O mundo e seu cotidiano
Era eu que deixara de ser a mesma
Fui apresentada de repente
Ao mundo de gente grande
À vida real
Achava que fosse mais fácil
Que o pior já tinha passado
Não, não quero crescer
Machuca demais
É isso que é ser adulto?
Voltei pro meu quarto
Chorei, pensei...
Mas continuo sem entender
Recusando-me de toda forma
A seguir, a crescer...

Inicio do fim (18/03/1995)



O vento uivava
As nuvens se chocavam umas as outras
A chuva, pesada
Não deixava vestígios na terra
De que a vida havia passado por lá
Eles corriam
Se mordiam
Se matavam pra não morrer
Terremotos abriam o solo em mil partes
Vulcões pareciam gritar um hino de guerra
Como tambores indígenas
Anunciando o juízo final
Mas eles ainda tinham forças para lutar
E se cada um deles
Soubesse o que se passava ali
Não lutariam pela vida
Pois estava para chegar o homem
Destruindo tudo que toca...

Via Constelação - Bad timing (17/03/1995)



Deus,
Preciso voltar
Pra onde, não sei
Mas me tira daqui!
São o lugar e a época errados
Quero ir pra casa...
Peixe não vive em terra
E nessa terra
Sou mais peixe que gente
Quero saber
Preciso saber
Porque logo aqui?
Na terra dos homens...
Não posso compreendê-los
Não falamos a mesma língua
Será que eu caí de uma estrela?

Unbreakable - You can break my body, but you can´t take my soul… (16/03/1995)



Cansei de apanhar
Cheguei a pensar que gostava
Mas não era verdade
Que na verdade, no fundinho
Ninguém gosta de ser tapete
Fui assim
Cansei, não sou mais
Tranquei-me e foi mais fácil assim
Deixo de lado meu curso de psicologia
Fujo para aonde sou apenas EU...
Se é na porrada que se cresce
Podem vir todos vocês
Eu aguento
Pois sou do tamanho do mundo...

Xawdoon (30/01/1995)



Xawdoon, minha terra encantada
País de duendes e fadas
De onde vim
E para onde retorno
Sempre que me sinto só
Não tem endereço
Nem está no mapa
Xawdoon é magia
Melodia
E meu guia é o coração
Sua beleza
Irradia pureza
Da criança que habita em mim
Lá encontro a inocência da infância
Minha infância
Meu pequeno mundo!
Não temos shopping
Nem ricos caros de luxo
A beleza de lá
É como a simplicidade e a pureza
Da poesia de Vinícius de Morais
Ah, minha terra amada
Meus sonhos de menina
Que desejo profundo de te reencontrar...
Mas os anjos diziam
Que só as crianças
Possuíam a chave de seus imensos portões
O que faço agora
Pra voltar a infância?
Ou será que Xawdoon
Cresceu dentro de mim?